segunda-feira, 27 de abril de 2009

Estamos comemorando, WOODSTOCK 40 anos.

WOODSTOCK, três dias de PAZ, MÚSICA E AMOR.

Filmado em agosto de 1969.


O filme “Woodstock – Três dias de Paz, Música e Amor”, dirigido por Michael Wadleigh, foi lançado um ano depois do evento, mas não trazia músicas de todos os presentes no festival. Algumas das ausências mais sentidas foram as de Janis, Creedence e Johnny Winter. Mesmo assim, o filme tornou-se um marco por tudo que apresentava.

O Filme foi ganhador do Oscar da Academia [documentário], pois retratou muito bem, com imagens, som e vídeos exclusivos do festival.

Além da originalidade, mais de 40 minutos inéditos foram incorporados ao filme, que mostrou uma época e uma geração que o mundo inteiro teve a oportunidade de ver, mas que somente alguns viram tão de perto.

O documentário acompanha o evento desde a montagem dos palcos até a finalização do evento. Existem várias entrevistas como a com o chefe da polícia e habitantes da pequena localidade onde ocorreu o festival, o dono da fazenda onde aconteceu o evento, jovens assistindo o concerto, funcionário responsável pelas casas de banho, entre outros. Uma versão do diretor foi lançada em 1994, acrescentando algumas músicas que não constavam no original, inclusive trechos da apresentação de Janis Joplin.

No mesmo ano foi lançado um especial de televisão chamado Diário de Woodstock, em três partes, com pelo menos uma música da maioria dos artistas e bandas que se apresentaram. No Brasil, foi lançado em 3 DVDs separados.

Com o filme, [os observadores] tiveram a oportunidade de aprender o verdadeiro significado das palavras: DIVIDIR, AJUDAR, CONSIDERAR, RESPEITAR.
Durante quatro dias, o local se tornou uma mini-nação contra-cultural, na qual as mentes estavam abertas, para as drogas, e o amor a tudo e todos.

A música começou na tarde de 15 de agosto, sexta-feira, às 17h07 e continuou até a metade da manhã do dia 18 de agosto, segunda-feira.

Considerações sobre o filme>

WOODSTOCK, três dias de PAZ, MÚSICA E AMOR.

Que retrata fielmente o ocorrido, e é um espelho luminoso das inegáveis mensagens que dele ficaram.

Se não existisse o filme [o evangelho/imagens] não se poderia provar no tempo e espaço todo o ocorrido.

E não teríamos o registro de 2 dois FATOS, [que podem ser analisados até hoje] chegando-se a uma só conclusão:

1>A MARCA DO NOVO, o que poderia ser alcançado pelas pessoas com a UNIÃO, desapego dos bens materiais, e mostrando com clareza, a capacidade do espírito/mente em entender os estímulos na busca das coisas existenciais.

2>A MARCA MAIS INTRIGANTE, os deuses do Rock And Roll, estavam nitidamente protegendo o festival, para que nada desse errado, e abençoando todos que lá estiveram. No desenrolar dos 3 dias, tudo parecia obedecer a um plano superior, que precisava acontecer, mas sem possibilidade de erro.

Não poderia haver teste mais nítido e decisivo, para os objetivos da grande reunião, do que aquela chuva que caiu no segundo dia.

Os jovens chegaram ao festival às centenas de milhares, com a descontração e a alegria de um piquenique gigantesco.

Derrubaram as cercas de arame e transformaram o festival num espetáculo gratuito.
Com a superlotação, o espaço, a água, a comida, as instalações sanitárias, a assistência médica, etc., tornaram-se escassos e insatisfatórios.

TUDO ISSO, SEM NENHUM INCIDENTE GRAVE, só podia ser um milagre, quando veio o teste definitivo, mostrando que todos estavam protegidos pelos deuses do Rock And Roll. Que apenas queriam manifestar sua presença para não passarem despercebidos.

E como mostrar isso? Com CHUVA, RAIOS, TROVÕES.

Agora imaginem 500.000 pessoas desprotegidas num descampado, perdidas num mar de lama, debaixo de água, raios e trovões, sem ter para onde fugir ou se abrigar.

No filme, você pode sentir quase fisicamente o pânico e a tragédia pairando sobre as cabeças de todos, entre as nuvens negras da tempestade, enquanto protegem o equipamento de som. Os alto-falantes transmitem instruções à multidão, para se afastarem das grades das torres.

Um acidente grave com alguma das torres, um momento só de terror entre a massa, um incidente insignificante poderia acender o estopim e provocar uma explosão de conseqüências imprevisíveis.

A tensão se acumula em cada plano; o desastre e a desolação parecem iminentes. E NADA ACONTECEU.

Ou melhor, com a proteção dos deuses do Rock And Rool. O que aconteceu foi uma surpreendente vitória da serenidade e da alegria do ser humano sobre os fantasmas hostis que ele se acostumou a ver nas forças da Natureza. _ Não sabiam que estavam sendo guiados e protegidos pelos deuses.

Os momentos acima, são para mim, os mais belos do filme, pela força da mensagem.

Com a CHUVA, RAIOS e TROVÕES, alguns se protegem com pedaços de plástico. Outros, porém, aceitam abertamente a chuva e a lama, e a assumem.

Cantam e dançam numa batucada fantástica criada com latas vazias e pedaços de pau, tiram à roupa, deslizam na lama, num tobogã fantástico. Em vez do pânico, a UNIÃO.

Já se tornaram inúteis, [para os observadores] falar de Woodstock e seus significados.

No filme, a multidão derramada pelas colinas sugere um novo SERMÃO DA MONTANHA, o momento de fundação de uma nova maneira de viver para o homem.

Woodstock estabeleceu o momento da decisão, e estava fadado a isso.

A equipe do filme se aproxima, como nenhuma outra até hoje, do ideal inutilmente perseguido do cinema-verdade.

Como regra geral, as entrevistas do cinema-verdade nunca atingem a espontaneidade imediata que procura. A presença da câmara, dos microfones, etc. são suficientes para uma cisão insuperável do real.

Os entrevistados se contraem e passam a falar condicionado por ela, artificialmente.

Não é o que acontece no filme, os entrevistados falam excepcionalmente à vontade, até as pessoas que são contra.
O novo a respeito da filmagem, a um nível puramente cinematográfico, se manifesta na sua já célebre pirotécnica de montagem.

A tela dividida com a obstinação e sistematicamente, das mais variadas formas, inclusive com o emprego de espelhos, num efeito novo inaugurado pelo filme.

O filme se tornou importante também, para o cinema que viria no futuro feito em tela larga.

Transforma também o espaço e a montagem cinematográfica, que era sempre temporal.

O filme Woodstock inventa a montagem espacial e a estabelece como regra. A unidade da moldura se fraciona em 2,3,4 imagens que são montadas também na direção horizontal, simultânea, do espaço.
Mais importante, porém, são as razões que o determinaram. Os objetivos de sua pirotécnica de montagem são os mais elementares possíveis: fornecer a maior quantidade possível de informações e obter variação visual nos números musicais, em que os intérpretes ficam mais ou menos no mesmo lugar, diante dos microfones, no espaço relativamente exíguo do palco.

A sofisticação que o filme acrescentou a essas necessidades é ingênua ao ponto da infantilidade.

E é aí que reside seu valor. Michael Wadleigh [diretor do filme] brinca com seu meio de expressão, criando cores, formas, caleidoscópios, etc.

Muito no estado de espírito de uma criança que brinca com as cores.

As variações não são determinadas por nenhuma outra razão, senão o próprio prazer lúcido em utilizá-las.

Fora do jogo que instauram, são perfeitamente gratuitas e arbitrárias.

Esse jogo, porém, leva as criações fantásticas como à apresentação de Alvin Lee e seu Ten Years After, possíveis talvez unicamente em função do arejamento de espírito que presidiu sua criação.

Nesse sentido, Woodstock, o filme, utiliza um dos seus segredos mais importantes da música contemporânea do rock em particular e da contracultura em geral.

Em todos os casos a criação se alimenta do ABC de cada linguagem, de seus elementos mais primários e triviais, de seu lixo desprezível.

As guitarras elétricas improvisam sobre dois acordes de blues e essa simplicidade harmônica serve de mero veículo para sua insólita sonoridade.

Da mesma maneira, toda a arte do Diretor se resume ao truque, ao macete óbvio, ao jogo. Mas essa inocência colorida é o meio de expressão do espírito primitivo e descansado de Woodstock, o espírito de uma nova cultura - talvez, por ora, mais pobre, mas mais livre.

É evidente que o abundante material recolhido, cerca de oitenta horas de filme e não sei quantas de som, foi selecionado e arrumado com competência.

O Diretor e equipe procuram assumir o ponto-de-vista do documentarista imparcial.

Sua obra não tem exortações, defesas, explicações ou críticas e se caracteriza pela ausência de qualquer narração off colocada a posteriori, o que introduziria uma nota subjetiva no objetivismo radical que o filme pretende.

A câmara registra a alegria das pessoas, mas também suas dificuldades nos postos médicos; enfatiza o esplendor dos seus momentos de exaltação, mas não nega o lixo acumulado no fim da festa; mostra adultos que simpatizam com os jovens, mas também deixa falar os que resmungam com ódio e irritação.

De certa maneira, o Diretor tem confiança cega no acontecimento Woodstock e na fidelidade de seu registro. Ele simplesmente sabe que os espectadores compreenderão toda a extensão do que se passa na tela sem necessidades de maiores explicações. Os que não compreenderem os que forem incapazes de captar o sentido do recado, os insensíveis, esses [raciocina o diretor] permaneceriam insensíveis de qualquer maneira.

Em matéria de atitude política, Woodstock acredita plenamente no seu próprio poder mágico, capaz de tocar, comover e transformar as pessoas sem precisar forçar barra nenhuma para isso. Está tudo lá na tela, as opções são claras, e compete a cada espectador tomar a sua própria decisão.

Além de sua correção documental e de seu tranqüilo, tácito desafio, Woodstock naturalmente pretende ser, também, o que o acontecimento original tinha a intenção de ser.

Um divertimento adequado à Idade de Aquarius.

Estamos aqui a anos-luz de qualquer pretensão séria, artística ou cultural. O problema é apenas o de se divertir; a arte vem por acréscimo, como um luxo produzido pela saúde e pela exuberância ou uma graça excepcional que não era necessária, mas é bem vinda:

Naturalmente, o desfile de artistas é da pesadíssima, com momentos excepcionais de Richie Havens, Joe Cocker, Ten Years After, Santana e Sly And The Family Stone, que correm apenas o perigo de ser um pouco esquecidos pelo espectador.

Porque o final do filme mostra Jimi Hendrix no ponto mais alto de sua arte e de sua beleza pessoal. Seus olhos transmitem uma estranha serenidade e ele manipula a guitarra com uma simplicidade inacreditável. As pessoas se surpreendem ao vê-lo na tela: se esperavam um demônio, encontram um anjo doce e generoso. Até hoje, ao ouvir os primeiros acordes de Purple Haze, lembro, e me arrepio.

PAZ AMOR E ROCK AND ROLL

Um abraço a todos e fuiiiiiiii, mas deixo um som>

Joe Cocker - A Little Help From My Friends - Woodstock 1969
http://www.youtube.com/watch?v=uQYDvQ1HH-E

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